sexta-feira, 29 de abril de 2016

Trabalho em campo no Projeto São Francisco identificou nova espécie de borboleta.

Biólogos da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, que acompanham a obra de transposição do Rio São Francisco desde 2008, descobriram uma nova espécie de borboleta no município de Brejo Santo (CE). A espécie foi batizada com o nome Pheles caatingensis, em referência ao bioma onde foi encontrada: nas matas por onde os canais do projeto de integração passam. 
O biólogo Carlos Eduardo Nobre, responsável pelo achado, já enviou artigo com a descrição do inseto para publicação na revista científica Zootaxa (Nova Zelândia). A nova borboleta também foi identificada em Cabrobó, Sertão pernambucano.
A Pheles caatingensis é a única nova espécie encontrada no trabalho de resgate de fauna ao longo da obra da transposição, feito antes da supressão das matas para inundação dos canais. O biólogo revelou que há outras em estudo.
Pheles caatingensis.

Durante os trabalhos, a equipe de biólogos do Cemafauna já resgatou 23.500 bichos de várias espécies nos 56 pontos de monitoramento ao longo da obra, o que levou à produção de um importante banco de dados científicos. Através da observação da fauna, os biólogos podem precisar como está o padrão de qualidade da água de cada açude ao longo do projeto de transposição. As informações são do Jornal do Comércio.
O Projeto de Integração do Rio São Francisco pode ser lembrado neste dia 28 de abril, Dia Nacional da Caatinga, como um dos maiores apoiadores para a pesquisa do único bioma exclusivamente brasileiro.A maior obra do Ministério da Integração Nacional também contribui para fomentar o trabalho de pesquisa de instituições públicas federais inseridas na região do semiárido – território da Caatinga.
As pesquisas chegaram a identificar uma nova espécie de planta, a Pleurophora pulchra, um novo inseto, a borboleta Pheles caatingensis, e vários achados pré-históricos, como a ossada de uma preguiça-gigante.

 Pheles caatingensis.


 Pheles caatingensis.


As iniciativas no campo da fauna dispõem de uma ampla estrutura para pesquisa, monitoramento e ações de proteção à vida selvagem no Centro de Manejo da Fauna da Caatinga (Cemafauna), instalado no campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina (PE).
O Cemafauna possui centros de triagem com instalações para acolher aves, mamíferos e répteis. Estes espaços, que se dedicaram a receber animais resgatados em áreas de obra, hoje atendem às instituições que combatem o tráfico de vida silvestre. Desde o início dos trabalhos, foram 127.372 resgatados e 110.307 devolvidos à natureza.
O Cemafauna também possui clínica com UTI veterinária, serpentário, laboratórios modernos e com capacidade de realizar sequenciamento genético – usado no monitoramento das espécies. O trabalho em campo e o suporte dessas instalações permitiram identificar uma nova espécie de borboleta, antes desconhecida pela ciência.
Na esfera da educação ambiental, o Museu de Fauna do Cemafauna Caatinga possui exemplos de animais que passaram pelo processo de taxidermia e, a partir de então, servem para visualizar o modo como eles nadavam, rastejavam, corriam e voavam pelo bioma. O museu possui painéis sensíveis ao toque, com o mapa do Projeto de Integração do São Francisco. Ao tocar em uma área qualquer do mapa, o visitante tem informações sobre o empreendimento e sobre a fauna daquela região.
Flora e arqueologia
O Núcleo de Monitoramento Ambiental (Nema) é outra instituição construída com recursos do Projeto São Francisco e administrada pela Univasf. Dedica-se à pesquisa, ao monitoramento e à recuperação da flora da Caatinga. Os trabalhos de equipes nessa área foram responsáveis pela identificação daPleurophora pulchra, durante uma atividade na Serra do Bendó, em Cabrobó (PE). Atualmente, o Nema desenvolve um modelo para recuperação da Caatinga que será aplicado ao longo dos 477 quilômetros de canais, estações de bombeamento, reservatórios e outras estruturas.
O apoio do Projeto São Francisco a pesquisas tem como foco o território e chegou a abranger um período anterior a consolidação do bioma. Recursos do projeto financiam a realização de pesquisas arqueológicas pela Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), em São Raimundo Nonato (PI), vinculada ao Instituto Nacional de Arqueologia e Paleontologia do Semiárido (Inapas).
São trabalhos com rigor científico, que colheram indicadores de que há 30 mil anos a região que passou a registrar secas periódicas já foi úmida e possuía vegetação densa, capaz de oferecer alimentos aos animais da megafauna do período quaternário, como preguiças-gigantes, com até seis metros de comprimento, tigre-dentes-de-sabre, tatu-pampaterium e outros. Estudos também levaram à constatação de que os períodos de seca já ocorriam no território.
A coordenadora de programas ambientais da Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, Elianeiva Odísio, é uma das responsáveis por essas parcerias com as instituições científicas. São instalações, ações e estudos que estão gerando conhecimento para a preservação e a conservação da Caatinga. “O Projeto São Francisco contribui tanto para novos estudos, como para a capacitação e formação de professores. Também possibilita que estudantes e outros interessados recebam bolsas de iniciação científica para trabalhar no projeto e, assim, ampliar o conhecimento sobre o bioma”, afirma.
Projeto São Francisco
Além das iniciativas de pesquisa de fauna, flora e arqueologia, outras ações do Projeto São Francisco contemplam diretamente famílias que foram reassentadas, populações tradicionais e municípios próximos às estruturas. São 38 programas ambientais executados ou em execução, que somados representam um total de cerca de R$ 1 bilhão, incluído no orçamento total de R$ 8,2 bilhões.
A obra é uma das prioridades do governo federal para garantir segurança hídrica a 390 municípios no Nordeste Setentrional, localidades frequentemente afetadas pela estiagem. O projeto beneficiará mais de 12 milhões de pessoas nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Com previsão de conclusão em dezembro de 2016, as obras estão com 84,4% de avanço físico e contam com um efetivo de 10.340 profissionais.

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