sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Nova espécie de borboleta, encontrada nos Campos de Cima da Serra, é catalogada

DESCOBERTA GAÚCHA.

Conheça a borboleta Prenda clarissa.

Animal foi encontrado em 2009 em uma floresta na região norte do Rio Grande do Sul.


Ela é muito parecida com outros animais do grupo — marrom por cima e marcas parecidas com olhos na parte de baixo.

No entanto, um estudo mostrou que a borboleta encontrada nos Campos de Cima da Serra pertencia a uma espécie até então desconhecida, e sua descrição formal foi anunciada recentemente no meio acadêmico.

O animal, então, ganhou nome e sobrenome: Prenda clarissa, em homenagem ao escritor Erico Veríssimo, de forma que não deixe dúvidas das suas origens gaúchas. De acordo com o relato do doutor em biologia animal Cristiano Agra Iserhard, o exemplar foi encontrado "por acaso", em 2009, durante um recolhimento de amostragens na região de São Francisco de Paula, no entorno de uma unidade de conservação ambiental, a Floresta Nacional de São Francisco de Paula.

— Percebemos que essa borboleta parecia diferente das conhecidas. Mandei exemplares para um pesquisador da Unicamp (André Freitas) que comprovou a novidade — narra Iserhard, que é gaúcho e está ligado ao Departamento de Biologia Animal da Unicamp.

A borboleta foi analisada externa e internamente, e foram percorridos todos os museus com coleções de borboletas no país. Foram encontrados diversos exemplares da Região Sul, inclusive exemplares de um museu de Londres, coletados há quase 100 anos - no entanto, o animal ainda não havia sido descrito para a ciência. Um artigo na Neotropical Entomology, revista da Sociedade Entomológica do Brasil, publicou a descoberta.

 Mais do que curiosidade científica
Conforme o professor do Departamento de Biologia Animal da Unicamp, André Freitas, que participou da descrição da Prenda clarissa, a catalogação de uma nova borboleta extrapola o conceito de curiosidade científica pois, mapeando a diversidade, é possível compreender como nosso planeta se mantém em equilíbrio, pois só se preserva o que se conhece.

— Com informações de quantas espécies existem em cada grupo de seres vivos e qual o papel de cada espécie, podemos ajudar a restaurar ambientes como os próprios Campos de Cima da Serra — afirma.

A partir de agora, por ser conhecida, essa borboleta pode ser monitorada para se conhecer seus hábitos e avaliar a sua distribuição pelas regiões de Serra do Sul do Brasil. A Prenda clarissa soma-se às quase mil espécies já registradas que habitam o Rio Grande do Sul.




quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

ABERTAS VAGAS DE ESTAGIO NO BORBOLETARIO DE OSASCO.

Borboletario de Osasco:
Abertas Inscrição para Estágio Voluntário.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Abertas Inscrição para Estágio Voluntário

Amigos,
estão abertas as inscrições para estagiários (a) voluntários (a) no borboletário. Os interessados devem entrar em contato via telefone (11 3599-3516) e falar com Paulina.
Importante:
- Cursar 5.° semestre em diante do curso de Ciências Biológicas, Gestão e Engenharia Ambiental;
- Disponibilidade de horário;
- Principal: saber que em certos momentos poderá executar trabalhos com terra e plantio de mudas.

Não devemos esquecer que o estágio voluntário é um requisito para participar da seleção para um estágio remunerado!

Equipe Borboletário de Osasco
Secretaria de Meio Ambiente
Prefeitura de Osasco

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

The beauty of pollination




ME DESCULPEM POR NÃO CONSEGUIR CENTRAR O VÍDEO NA ÁREA DE
POSTAGEM. REALMENTE TOMEI UM CORO PARA EDITAR ESTE MATERIAL.

PRESSIONE TELA CHEIA PARA VER MELHOR ESTAS LINDAS IMAGENS.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Como arranjar asas de borboleta


Palitos, pó talco, cola de contacto e cartão são alguns itens necessários.

Borboleta monarca (Foto: acrylicartist).

O jornal inglês The Guardian publicou um pequeno vídeo que ensina a arranjar uma asa de borboleta partida, sem magoar o insecto, para que volte a funcionar.


A ‘lição’ é dada pela Live Monarch Foundation's e os métodos demonstrados funcionam com qualquer espécie, apesar do ‘paciente’ demonstrado ser uma borboleta monarca macho. Esta espécie (Danaus plexippus) é nativa do Continente Americano e famosa pelas suas migrações extraordinárias em extensão e número de indivíduos. Já foi considerada migrante de passagem em Portugal até se descobrir colônias residentes na Madeira, por exemplo.

Segundo o ‘médico’ do vídeo, quando os estragos nas asas de uma borboleta não são superiores a 40 por cento, como por exemplo, faltar uma ponta numa das asas, pode-se alinhar as duas asas e cortar o excesso para que voltem a ficar simétricas. Mas, como no caso demonstrado, o macho monarca perdeu grande parte da asa e vai precisar de uma nova.

Para arranjar o estrago ou a falta de uma asa são necessárias 10 ‘ferramentas’ de trabalho: uma toalha, um cabide, palitos, cotonetes, asas extra, uma pinça, pó talco, uma tesoura, cola de contacto e cartão.
Com estes itens o ‘médico’ passa a demonstrar como fazer o arranjo passo a passo.

http://youtu.be/ah0SBALIc0o




http://www.youtube.com/watch?v=ah0SBALIc0o&feature=player_embedded#!

Colombianos investem na produção de borboletas para exportação.


Objetivo é promover comércio a fim de diminuir riscos de extinção da espécie.



Patricia e Vanessa Restrepo, mãe e filha respectivamente, trabalhavam no abate de frangos, em uma comunidade rural de El Arenillo, em Valle del Cauca, na Colômbia, quando decidiram apostar na riqueza de espécies de borboletas da região. 

Em 2001, com o objetivo de criar um negócio que pudesse ajudar a população mais carente do município e, ao mesmo tempo, promover o comércio justo de borboletas, a fim de diminuir os riscos de extinção da espécie, elas fundaram a Alas de Colombia.

A empresa, que funciona de acordo com os critérios da BioTrade – selo de reconhecimento da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, que controla a produção e comercialização de bens e serviços derivados da biodiversidade nativa de determinada região – produz hoje cerca de 300 espécies de borboletas, que são exportadas para os Estados Unidos e para a Europa, principalmente. 

“Meu trabalho consiste em ajudar seres vivos a voae. Posso querer emprego melhor?”, comentou Joana Martinez, uma das funcionárias da Alas de Colombia. 
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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Alterações climáticas provocam «stress térmico» nas Borboletas e aves

As aves e borboletas europeias deslocam-se em direcção ao norte seguindo as alterações climáticas, uma «viagem» que não é rápida e que acaba por impedir que estas espécies permaneçam em áreas mais adequadas, o que acaba por provocar um stress térmico constante.
 
Denominado «dívida climática», este fenómeno pode representar um problema para a conservação da biodiversidade europeia, como apontam os autores da pesquisa internacional que revela que as borboletas e os pássaros movimentam-se para o norte em ritmos diferentes.

Elaborada em colaboração com a Universidade Autónoma de Barcelona (UAB) e publicada na revista Nature, a pesquisa mostra que os pássaros podem ser encontrados 212 quilómetros afastados das suas áreas climáticas adequadas, enquanto as borboletas estão a 135 quilómetros.

Por conta desta alteração, muitas espécies que antes conviviam no mesmo espaço agora já não coincidem e, por isso, os ecossistemas europeus estão a mudar «em velocidades nunca vistas antes», assinalam os investigadores do Centro de Pesquisa Ecológica e Aplicações Florestais (CREAF) da universidade espanhola.

Muitos pássaros que se alimentam de lagartas de borboletas não teriam alimento suficiente e, em geral, isto poderia desencadear uma menor disponibilidade de recursos para outro bom número de espécies.

O trabalho demonstra que durante as duas últimas décadas, a distribuição das comunidades de aves e de borboletas no território europeu foi respondendo de forma descompassada ao aquecimento global, uma dívida climática que ameaça uma série de espécies.

Os resultados do estudo mostram que, entre 1990 e 2008, a temperatura média europeia deslocou-se em direcção ao norte 249 quilómetros. Para manter as condições meteorológicas parecidas, as espécies deveriam ter percorrido os mesmos quilómetros no mesmo período de tempo.

No entanto, o estudo revela que, na média, as comunidades de aves na Europa movimentaram-se em direcção ao norte só 37 quilómetros, enquanto as borboletas teriam percorrido 114 quilómetros, um facto que gera essa forma de desfasamento.

«A dívida climática e o stress térmico fazem com que tanto os pássaros como as borboletas sejam cada vez mais vulneráveis a possíveis ameaças», aponta o especialista Constanti Stefanescu do Museu de Granollers de Ciências Naturais, que participou do estudo.

Para desenvolver este trabalho, os pesquisadores calcularam a temperatura média em que vive cada espécie e, a partir destes dados e dos acompanhamentos de aves e borboletas, compararam com a temperatura associada a cada comunidade (CTI).

Analisando o valor do CTI em mais de 10 mil áreas de amostragem de biodiversidade, desde a Escandinávia até à bacia Mediterrânica, foi constatado que este índice aumentou (entre 1990-2008) em magnitude de deslocamentos em direcção ao norte de forma surpreendente.

Este resultado não é relacionado apenas com a chegada de novas espécies, mas, principalmente, por mudanças na abundância das povoações, segundo os dados obtidos na Finlândia, Suécia, Reino Unido, Países Baixos, República Checa, França e Espanha.

O aumento do CTI durante o período de estudo foi observado na maior parte dos países europeus, mas o deslocamento em direcção ao norte é muito mais visível nos países escandinavos, onde os efeitos das alterações climáticas seriam mais influentes que nos mediterrânicos.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

No coração do Pantanal, borboletas revelam o seu delicado acasalamento

A reprodução desses animais bem longe dos predadores é a garantia de preservação das espécies nativas

Elas nos encantam pela leveza, pelo colorido das asas e, principalmente, por terem um ciclo de vida tão complexo e ao mesmo tempo tão delicado. Envolvido neste mundo mágico, encontramos o João da Silva, zelador do borboletário do Sesc. O trabalho dele é a alma desse borboletário, que fica no coração do Pantanal, em Poconé, às margens do Rio Cuiabá.

“Para falar a verdade, eu me sinto um pai das borboletas aqui dentro, porque desde o começo da vida delas eu que começo a manipulação. É tudo comigo: coletar os ovos, o nascimento, o tratamento das lagartas”, lista.

São 14 espécies de borboletas. Cada uma com características bem diferentes. A olho-de-coruja não precisa nem de apresentação. A carijó, para se defender, procura sempre um tronco de árvore. Tem o dom de se camuflar. De aparência delicada, a ascia é também conhecida como a borboleta da couve. Já as monarcas, com suas asas cor de laranja e preta, são famosas pelas longas viagens. Vieram da América do Norte.

Mas seu João aprecia mesmo é a forma como elas se transformam. “Desde criança, eu ouvia falar na metamorfose e eu sonhava conhecer o que é uma metamorfose.”

A reprodução das borboletas bem longe dos predadores é a garantia de preservação das espécies nativas. Quem entra na casa delas pode contemplar insetos bem de pertinho.

Quando o assunto é reprodução, elas são bem parecidas. “É uma copulação de duas horas, mais ou menos, dependendo da espécie. Uma delas chega a uma hora. Uma hora grudado. Se puxar, rebenta”, diz seu João.

Elas ficam quietinhas e encaixadinhas. Não se desgrudam de jeito nenhum. Não se deixam atrapalhar nem quando têm companhia. A etapa seguinte acontece quando elas põem os ovinhos. Tão pequenos, que nem sempre resistem. Elas preferem colocar os ovos na parte debaixo da folha, onde eles ficam mais escondidos, como estratégia de defesa.

A maior parte dos ovinhos vai parar na casa das 25 famílias que participam de um projeto do borboletário. É uma alternativa de renda para pessoas como dona Maria Laurinda e dona Evanda. Elas construíram até pequenos criadouros, onde os ovos se transformam em lagartas e depois em casulos. Só então as crisálidas voltam ao borboletário.

Elas são inofensivas. E cada espécie também tem seu próprio tempo para virar casulo e ficar fechadinha.

Há sete anos criando as lagartas, o dinheiro do projeto já ajudou dona Maria Laurinda a se formar em técnica em enfermagem. São R$ 350 por mês que ela divide com a filha. Para dona Evanda, o ganho foi ainda maior. Ela conta que, com a ajuda das lagartas, se livrou da depressão.

“É uma terapia. Se você tem algum problema de estresse, você passa a criar ela, você já tem mais alguma coisa para fazer no dia a dia a dia. Aí você pode até melhorar, esquece essa depressão”, diz a auxiliar de serviços gerais Evanda Francisca da Silva.

Um ser vivo que às vezes mais parece uma joia. Já de volta ao borboletário, as crisálidas ficam adormecidas só esperando a hora de virarem borboletas. Uma vida que dura em média apenas um mês. E seu João, pai do borboletário, ajuda. Nada como um pouquinho de mel para elas ficarem mais fortes.

Seu João, de certa forma, também teve uma transformação na vida dele. Ele já foi peão de comitiva, que leva o gado até as partes mais altas do Pantanal na época de cheia, e foi ainda domador de cavalo chucro. Agora ele trabalha com as borboletas. Ele conta que foi uma mudança radical.

“Chamou a atenção até da minha família. Na época que eu liguei para a minha mãe, ela achou que trabalhar com borboleta era coisa de boiola”, ri. “Para mim foi uma mudança grande. A partir do momento que passei a conhecer os bichos, esse mito acabou. Eu troquei a força por delicadeza.”

Uma delicadeza que transforma e contagia.

Como insetos encontram o amor ?

Você já parou para observar insetos? Imagine quantas milhares de espécies de insetos há no mundo. Não deve ser fácil achar alguém da mesma espécie, do sexo oposto e ainda disposto a acasalar



Você já parou para pensar como insetos se reproduzem? Como será que eles fazem para diferenciar-se entre espécies? Sexo entre insetos é mais complicado do que parece. Afinal, como eles encontram parceiros? São 3 maneiras, através da visão, da audição e de sinais químicos.

Crédito: Julien Tromeur / Shutterstock.com)


Insetos que usam sinais visuais para atrair um parceiro


Alguns insetos começam sua procura por parceiros sexuais procurando ou dando sinais visuais. Borboletas, moscas e vaga-lumes são exemplos. Algumas espécies masculinas de borboletas passam a tarde procurando fêmeas com asas coloridas.
 
Já as moscas pousam em algum lugar que lhes deem uma boa visão da área. Se encontram uma mosca fêmea da mesma espécie, levam-na a um lugar apropriado para acasalar - como uma folha de um galho ali perto.
 
Os vaga-lumes são os insetos mais famosos que flertam usando indícios visuais. As fêmeas mandam sinais para seduzir o macho. Ela envia luzes com um código específico que explicam aos machos passantes sua espécie, sexo e que ela está interessada em acasalar. O macho responde com seu próprio sinal e os dois continuam enviando luzes até se encontrarem.
 
 

Insetos que usam sinais auditivos para atrair um parceiro


Se você já escutou a cigarra "cantando", você a ouviu chamando parceiros. Normalmente, são 3 espécies diferentes fazendo barulho e, mesmo assim, a fêmea responde às canções e conseguem diferenciar machos da mesma espécie para se acasalarem.
 
Grilos machos esfregam suas asas para produzir um barulho áspero e alto para atrair as fêmeas. Quando elas se aproximam, os grilos começam a fazer um barulho mais suave e cortejador.
 
Outros insetos produzem suas canções de amor batendo em superfícies duras. Alguns tipos de besouros batem a cabeça na madeira para chamar fêmeas.
 
 

Insetos que usam sinais químicos para atrair um parceiro


É nesta situação em que o amor está no ar. Mariposas procuram pela fêmea correta cheirando feromônios (hormônios soltados pelas mariposas para atrair parceiros) no ar. Esta substância é tão poderosa que pode ser sentida a quilômetros de distância.
 
As abelhas masculinas usam feromônios para atrair a fêmea a um poleiro, onde eles possam acasalar. O macho voa marcando plantas com seu perfume. Uma vez instaladas as "armadilhas", ele patrulha o território esperando uma fêmea pousar em um de seus poleiros.
 
 


Uma micro-reserva para proteger a borboleta azul que imita formigas

Uma micro-reserva para proteger a borboleta azul que imita formigas.




08.01.2012
Helena Geraldes

A rara e ameaçada borboleta azul, que apenas sobrevive se for adoptada por formigas, ganhou esta semana uma micro-reserva na serra de Montemuro, no Norte do país, graças a um projecto da Quercus que teve o apoio da paróquia local.
A estratégia de sobrevivência da borboleta azul das turfeiras é, talvez, a mais surpreendente em todas as 135 espécies de borboletas diurnas conhecidas em Portugal.

Ao contrário do que acontece com as lagartas de outras espécies que, no Inverno, aguardam, escondidas na vegetação, pelo calor e Sol da Primavera para voar, a Phengaris alcon (anteriormente conhecida como Maculinea alcon) está debaixo da terra, dentro de um formigueiro. Aqui, a lagarta leva uma vida predatória, alimentando-se das larvas das formigas até estar pronta para surgir nos lameiros como uma das borboletas mais ameaçadas de Portugal. Actualmente apenas são conhecidas populações no Parque Natural do Alvão e na serra de Montemuro, esta última descoberta no Verão de 2011 pelo Tagis - Centro de Conservação das Borboletas de Portugal.

Na semana passada, a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza comprou 3500 metros quadrados no município de Castro Daire, na Serra de Montemuro, para criar uma micro-reserva e ajudar à sobrevivência dessa população de borboleta azul. “É um terreno privado, rodeado de baldios e pequenas propriedades, que comprámos com donativos de privados”, disse Paulo Lucas, do Grupo de Trabalho de conservação da natureza daquela organização.”Esta era uma ambição antiga nossa e quisemos perseguir o sonho de ter um espaço para esta borboleta”, acrescentou, em declarações ao PÚBLICO.

Para Patrícia Garcia Pereira, bióloga do Tagis, esta é uma “grande notícia”. “Foi por acaso, durante uma visita ao campo guiada pelo botânico da região Tiago Monteiro Henrique, em meados de Junho, que soubemos que havia naquela zona a planta onde a borboleta põe os ovos”, contou a investigadora. “Mas ainda não era a época de voo da borboleta. Bom, tenho de voltar, pensei. Poucas semanas depois fizemos uma nova visita e aí sim, encontrámos as borboletas, confirmámos aquela população”. Hoje é a população mais a Sul que se conhece desta espécie, em Portugal.

Naquela região, marcada pelo despovoamento, “as pessoas estão receptivas. Na verdade, a paróquia local ajudou-nos muito, por exemplo, a encontrar terrenos e a contactar os proprietários”, contou Paulo Lucas.

Gado, formigas e flores: a equação perfeita

No Verão, centenas de borboletas azuis esvoaçam nos lameiros de altitude. Mas há milhares de ovos que não sobrevivem, comidos por predadores como os gafanhotos. “A mortalidade é muito grande”, disse ao PÚBLICO Paula Seixas, que estuda a espécie desde 2003 no Departamento de Protecção de Plantas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Mas o ciclo de vida desta borboleta está ele mesmo cheio de desafios, conta a investigadora. É na primeira semana de Julho que se podem ver os primeiros adultos a voar, normalmente machos. “As fêmeas surgem três a quatro dias depois”. Quando chega a altura, acasalam e fazem as posturas nas flores de uma única espécie de planta, também ela rara, a Genciana-das-turfeiras (Gentiana pneumonanthe). Cada borboleta põe entre 40 a 50 ovos, que distribui por várias plantas. Um dos maiores problemas é a alteração deste habitat através do abandono do gado que mantém estas espécies de plantas, impedindo a vegetação de crescer demasiado. Um dos objectivos da micro-reserva é, segundo a Quercus, garantir que o gado continua a alimentar-se naquelas zonas.

Depois de passarem várias semanas na flor, as lagartas – na altura já medindo três milímetros - abrem um orifício e atiram-se para o solo onde são colhidas por uma única espécie de formigas, do género Myrmica, que as capturam pelas mandíbulas e as levam para o seu formigueiro. Estas confundem a lagarta por crias de formigas perdidas, por causa de uma substância hormonal, que imita os odores tão seus conhecidos. “Mas se não houver um formigueiro a uma distância de, pelo menos, dois metros da planta, as formigas não irão buscar as lagartas e estas acabam por morrer”, acrescentou Paula Seixas. Depois de terminarem o seu desenvolvimento larvar, as borboletas têm à sua espera, em média, dez dias de voo.

Tendência de aumento

Agora, o futuro da Phengaris alcon parece estar mais seguro. “No Parque Natural do Alvão, há densidades populacionais bem estimadas. Na maior população foram contadas entre 4000 e 5000 borboletas numa zona com 2,5 hectares”, disse Paula Seixas, da UTAD. Todos os Verões, Paula e a sua equipa saem para os lameiros para monitorizar e chegam a ter várias borboletas azuis pousadas sobre si. “De manhã à noite fazemos contagens, nomeadamente do números de ovos, a altura das plantas, que plantas preferem, etc. Queremos conhecer todo o ecossistema”.

“Nesta altura a população está a registar um aumento, especialmente por causa da gestão especial das turfeiras, nos lameiros, que se faz há alguns anos”, acrescentou. Ainda assim, o trabalho não tem sido fácil. “Tentamos sempre conversar com as populações, envolver as pessoas e falar-lhes da necessidade de promover a qualidade ecológica”, disse. “Em 2011 conseguimos a aceitação para usar a turfeira para o gado mas com diminuição do pisoteio em determinadas quinzenas cruciais para as borboletas. Aí não foi fácil e compreende-se bem a razão”.



Neste momento, um grupo de trabalho na Suécia está a fazer a composição genética das borboletas azuis das turfeiras. “Somos a zona periférica da distribuição da espécie, que também ocorre em outros países na Europa, e queremos saber se há diferença genética”. Além disso, a Câmara de Vila Real está a promover um projecto para reintroduzir a borboleta na Campeã, zona onde a espécie foi encontrada pela primeira vez, em 1949, e de onde já desapareceu. “Os campos foram transformados em milheiral, batatal e os cursos de água naturais já não existem. Mas agora estão novamente disponíveis” e poderão ser uma oportunidade para as borboletas azuis, trazendo de volta um campo rico em vida selvagem.